21.2.09

Confetes

Algo muito, muito bonito de se ver. Gente se amando, ou apenas se curtindo, gente feliz, pulando como dava, evoluindo onde podia, cantando o que sabia. Muitos rostos alegres, cansados, preocupados, suando. Sorrisos e coros e pés e mãos e desvãos e "cuidado aí" e "vem pra cá" e freiras e gringos. Subindo e descendo essa ladeira. E rua estreita. E longa... até que chegou. E a gente desceu. E fomos pra casa. E eu morri na cama. Tô velha demais pra tanta animação.

É Carnaval

"Vem,
Eu vou pousar a mão no teu quadril
Multiplicar-te os pés por muitos mil
Fita o céu,
Roda:
A dor
Define nossa vida toda
Mas estes passos lançam moda
E dirão ao mundo por onde ir.

Às vezes tu te voltas para mim
Na dança, sem te dares conta enfim
Que também
Amas
Mas, ah!
Somos apenas dois mulatos
Fazendo poses nos retratos
Que a luz da vida imprimiu de nós.

Se desbotássemos, outros revelar-nos-íamos no Carnaval
Roubemo-nos ao deus Tempo e nos demos de graça
À beleza total, vem.

Nós,
Cartão Postal com touros em Madri,
O Corcovado e o Redentor daqui,
Salvador,
Roma

Amor,
Onde quer que estejamos juntos
Multiplicar-se-ão assuntos de mãos e pés
E desvãos do ser."

Os passistas, Caetano Veloso.

Não e não.

Eu não posso ficar pensando que todo mundo consegue as coisas e eu não. e ficar remoendo tipo o que eu poderia ter feito, como agido, etc e tal. porque não é assim que funciona, todo mundo quebra a cara, tenta tudo, vai lá e paga pra ver. e eu não, fico numa retórica tosca comigo mesma, que eu não tenho sorte, que as coisas não acontecem, que ando desiludida com o que eu faço ou deixo de fazer, que isso, que aquilo, que as oportunidades não aparecem, patati, patatá. aff, é tão, é tão... aff. Funcionário público.
Como cheguei nesse nível de abstração do ser? viver era particularmente tão.. não, não era não. sempre foi assim. o prá sempre adolescente apontando em todas as direções, nenhuma com fundo. são sempre dúvidas, e só.
Então é sobre o nada que eu falo, sobre o nada e sobre o tudo. porque é a mesma coisa, entende? o meu comodismo. o meu comedismo. a falta de palavras. articulações. o sofrer por pensar, o sofrer sem sentir. as pessoas falando, falando... o que é melhor pra mim, o que devo fazer, como devo agir. e eu explicando que sei de tudo isso, ninguém precisa buzinar no meu ouvido, o négocio é comigo, é a trave, é o cansaço, é o não poder. é o que vem de antes, lá do fundo, de onde eu não tenho consciência, algo que veio num dia sem esperar e deu um clic. desligou. e o desejo de ser compreendida. e de ser aceita. e de me encontrar. quem sabe de manhã.
Não, eu não sou triste. seria se não tivesse pretensões. mas o que acontecesse é que todas resultam infrutíferas. mesmo sem serem tentadas.