24.1.09

Dos movimentos [dis]simulados

Eu sei o que você quer. Mas eu não posso lhe dar. Sou comprometida. Comigo mesma, e sou muito ciumenta, aliás. Não pense que não reparei, não sou tão alienada assim. E confesso que o flerte é muito bem recebido, recíproco até. Mas é tudo o que posso oferecer. Há um limite entre o que me agrada e o que você representa, e toda a cultura por trás. Algo que cresce assim que não temos o contato frente a frente. Eu não sou o que você deseja, aquilo é fingimento de auto estima, de desprendimento de cotidiano. Então não me provoque, não pegue na minha mão e fique fazendo carinho, não me puxe contra o seu corpo e sussurre no meu cangote, porque eu vou fingir que nem tô reparando, eu sou muito boa nisso e você não me conhece nem um pouquinho. Vamos ser apenas um par - mas de dança, o que eu lhe agradeço muitíssimo, porque encontrar cavalheiro da minha altura é hard. Até onde os movimentos possam ser medidos, de onde começa os desígnos autônomos, eu tenho o controle - você só me guia no salão.