20.9.09

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"Deixo fluir tranqüilo
Naquilo tudo que não tem fim
Eu, que existindo tudo comigo,
depende só de mim
Vaca, manacá, nuvem, saudade
Cana, café, capim
Coragem grande é poder dizer sim"
[Caetano]











É um transbordar de invenções malévolas ao corpo como redenção de alma;
É um nada-poder-se-fazer com o-que-não-se-tem;
É um chafurdar-se em letras planas, para pessoas planas, e claras, e lógicas, que chegam a alvejar ao branco;
É sonhar com o dia seguinte na cama que não cabe tamanha especulação, de ficar as costas doendo;
É um não regenerar-se da pele como reflexo do que há por baixo, em contínua perda de elasticidade;
É um não se fazer entender para não se expor o que deveria ser o óbvio ululante e, no entanto,
é querer se fazer entender pelo não-dito;
É conservar as linhas de expressão do rosto qual marcas de uma experiência ainda em teste, a rodopiar e espreitar as surpresas;
É querer te ligar e saber como foi o seu dia, com quem esteve, quais seus caminhos e o que pensa de mim, sem que isso pareça interesse algum;
É planejar e planejar de novo, pra depois mudar tudo e fazer o contrário, ou não fazer absolutamente nada;
É ver tudo embaçando à sua frente numa metáfora do limite do ser;
É carinho e compreensão egoísticos de quem não consegue guardar rancor;
E tudo é tão calmo, que transcorre em anestesia.





E nú, com a minha música,
afora isso somente amor.