18.12.09

Saber viver nos dias que correm

As idéias que hibernam em boa parte do tempo se acumulam e, com isso, se esquentam. E numa fila indiana desfilam em círculos sob a densa neblina dos movimentos diários, dos contatos diários, da vida diária. Vai e volta uma ou outra aspiração, e se perde novamente. E eu sinto como me afogando em algo que não é líquido, não é sólido, é vapor.
Sim, é ar, é vapor-barato.
Tudo se torna pista de correr. escada-rolante. esteira de ginástica. As ruas que engolem ruas, são faixas amarelas que passam, uniformes, entediantes, soníferas. Pistas falsas, não levam a lugar algum. Elas se escondem embaixo do carro, ou são sugadas por ele?
Eu me escondo atrás das horas. O ponteiro se mexe e cada vez encobre um espaço, revela outro, retorna e move um velho disco riscado. Violão de sete cordas, e eu não sei tocar nem uma. O som vibra conforme o gesto despreparado, e a rotina se repete em atos improvisados.