12.9.10

A vida independe.

Queria ter tempo pra mim e pros meus projetos, meus enredos, meus interesses
Queria escrever pros amigos, ligar, saber como andam, o que fazem, e quando a gente pode se ver
Queria saber falar e escrever fluentemente inglês e espanhol, como cismo em colocar nos cadastros que faço por aí
Queria também saber falar e escrever fluentemente o português, como finjo que sei por aí
Queria ter coxa, peito, bunda, queria caber num sapato, numa calça legal
Queria ter uma internet mais rápida, um notebook, ou apenas um teclado que funcionasse o botao do til
Queria me lembrar das senhas, e também dos usernames
Queria ter uma máquina digital como as antigas em que a gente olha por um buraquinho como vai ficar a foto e as cores fazem as coisas saírem incrivelmente belas
Queria estudar muito menos, pra poder estudar muito mais
Queria nao me aproximar muito, nao gostar muito, nao me envolver muito, porque no final do ano eu...
Queria voltar a ser aquela garota engraçada, egocêntrica, nao queria mais nada disso de volta
Queria deixar de ser idiota e falar idiotices, escrever idiotices, pensar idiotices, fazer idiotices
Queria nao precisar pegar ônibus nunca mais, nunca mais ir a Campo Grande, nunca mais chegar atrasada, nunca mais fazer prova, nunca mais preencher ficha, assinar, rubricar
Queria nao poder caber em mim de tanta felicidade, tanta informaçao, tanta vida e beleza
Queria nao querer e ser, apenas


Mas é outro setembro, é outro ano astral, outro ciclo, o mesmo ciclo, a mesma história e a mesma vida. Até que enfim dezembro chegue, e com ele a roda-viva...